segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Relacionamentos

Sempre acho que namoro, casamento, romance tem começo, meio e fim. Como tudo na vida. Detesto quando escuto aquela conversa:
- ‘Ah, terminei o namoro… ‘

- ‘Nossa, quanto tempo?’
- ‘Cinco anos… Mas não deu certo… Acabou’
- É não deu…?
Claro que deu! Deu certo durante cinco anos, só que acabou.
E o bom da vida, é que você pode ter vários amores.
Não acredito em pessoas que se complementam. Acredito em pessoas que se somam.
Às vezes você não consegue nem dar cem por cento de você para você mesmo, como cobrar cem por cento do outro?
E não temos esta coisa completa.
Às vezes ele é fiel, mas não é bom de cama.
Às vezes ele é carinhoso, mas não é fiel.
Às vezes ele é atencioso, mas não é trabalhador.
Às vezes ela é malhada, mas não é sensível.
Tudo nós não temos.
Perceba qual o aspecto que é mais importante e invista nele.
Pele é um bicho traiçoeiro.
Quando você tem pele com alguém, pode ser o papai com mamãe mais básico queé uma delícia.
E às vezes você tem aquele sexo acrobata, mas que não te impressiona…
Acho que o beijo é importante… E se o beijo bate… Se joga… Se não bate… Mais um Martini, por favor… E vá dar uma volta.
Se ele ou ela não te quer mais, não force a barra.
O outro tem o direito de não te querer.
Não lute, não ligue, não dê pití.
Se a pessoa ta com dúvida, problema dela, cabe a você esperar ou não.
Existe gente que precisa da ausência para querer a presença.
O ser humano não é absoluto. Ele titubeia, tem dúvidas e medos, mas se a pessoa REALMENTE gostar, ela volta.
Nada de drama.
Que graça tem alguém do seu lado sob chantagem, gravidez, dinheiro, recessão de família?
O legal é alguém que está com você por você.
E vice versa.
Não fique com alguém por dó também.
Ou por medo da solidão.
Nascemos sós. Morremos sós. Nosso pensamento é nosso, não é compartilhado.
E quando você acorda, a primeira impressão é sempre sua, seu olhar, seu pensamento.
Tem gente que pula de um romance para o outro.
Que medo é este de se ver só, na sua própria companhia?
Gostar dói.
Você muitas vezes vai ter raiva, ciúmes, ódio, frustração.
Faz parte. Você namora um outro ser, um outro mundo e um outro universo.
E nem sempre as coisas saem como você quer…
A pior coisa é gente que tem medo de se envolver.
Se alguém vier com este papo, corra, afinal, você não é terapeuta.
Se não quer se envolver, namore uma planta. É mais previsível.
Na vida e no amor, não temos garantias.
E nem todo sexo bom é para namorar.
Nem toda pessoa que te convida para sair é para casar.
Nem todo beijo é para romancear.
Nem todo sexo bom é para descartar. Ou se apaixonar. Ou se culpar.
Enfim… Quem disse que ser adulto é fácil?



Arnaldo Jabor

sábado, 10 de outubro de 2009

Enquanto houver sol

Quando não houver saída
Quando não houver mais solução
Ainda há de haver saída
Nenhuma idéia vale uma vida...

Quando não houver esperança
Quando não restar nem ilusão
Ainda há de haver esperança
Em cada um de nós
Algo de uma criança...

Enquanto houver sol
Enquanto houver sol
Ainda haverá
Enquanto houver sol
Enquanto houver sol...

Quando não houver caminho
Mesmo sem amor, sem direção
A sós ninguém está sozinho
É caminhando
Que se faz o caminho...

Quando não houver desejo
Quando não restar nem mesmo dor
Ainda há de haver desejo
Em cada um de nós
Aonde Deus colocou...

Enquanto houver sol
Enquanto houver sol
Ainda haverá
Enquanto houver sol
Enquanto houver sol...

os outros - leoni

Já conheci muita gente
Gostei de alguns garotos
Mas depois de você
Os outros são os outros

Ninguém pode acreditar
Na gente separado
Eu tenho mil amigos mas você foi
O meu melhor namorado

Procuro evitar comparações
Entre flores e declarações
Eu tento te esquecer
A minha vida continua
Mas é certo que eu seria sempre sua
Quem pode me entender
Depois de você, os outros são os outros e só

São tantas noites em restaurantes
Amores sem ciúmes
Eu sei bem mais do que antes
Sobre mãos, bocas e perfumes
Eu não consigo achar normal
Meninas do seu lado
Eu sei que não merecem mais que um cinema
Com meu melhor namorado

Procuro evitar comparações
Entre flores e declarações
Eu tento te esquecer
A minha vida continua
Mas é certo que eu seria sempre sua
Quem pode me entender
Depois de você, os outros são os outros e só

Depois de você, os outros são os outros e só

Se, depois de eu morrer...

Se, depois de eu morrer, quiserem escrever a minha biografia,
Não há nada mais simples.
Tem só duas datas --- a da minha nascença e a da minha morte.
Entre uma e outra todos os dias são meus.
Sou fácil de definir.
Vi como um danado.
Amei as coisas sem setimentalidade nenhuma.
Nunca tive um desejo que não pudesse realizar, porque nunca ceguei.
Mesmo ouvir nunca foi para mim senão um acompanhamento de ver.
Compreendi que as coisas são reais e todas diferentes umas das outras;
Compreendi isto com os olhos, nunca com o pensamento.
Compreender isto com o pensamento seria achá-las todas iguais.
Um dia deu-me o sono como a qualquer criança.
Fechei os olhos e dormi.
Além disso fui o único poeta da Natureza.
Alberto Caeiro

Tenho tanto sentimento

Tenho tanto sentimento
Que é freqüente persuadir-me
De que sou sentimental,
Mas reconheço, ao medir-me,
Que tudo isso é pensamento,
Que não senti afinal.
Temos, todos que vivemos,
Uma vida que é vivida
E outra vida que é pensada,
E a única vida que temos
É essa que é dividida
Entre a verdadeira e a errada.
Qual porém é a verdadeira
E qual errada, ninguém
Nos saberá explicar;
E vivemos de maneira
Que a vida que a gente tem
É a que tem que pensar.

Fernando Pessoa

domingo, 20 de setembro de 2009

Medo de Amar

Você diz que eu te assusto
Você diz que eu te desvio
Também diz que eu sou um bruto
E me chama de vadio
Você diz que eu te desprezo
Que eu me comporto muito mal
Também diz que eu nunca rezo
Ainda me chama de animal
Você não tem medo de mim
Você não tem medo de mim
Você tem medo é do amor
Que você guarda para mim
Você não tem medo de mim
Você não tem medo de mim
Você tem medo de você
Você tem medo de querer...
Você diz que eu sou demente
Que eu não tenho salvação
Você diz que simplesmente
Sou carente de razão
Você diz que eu te envergonho
Também diz que eu sou cruel
Que no teatro do teu sonho
Para mim não tem papel
Você não tem medo de mim
Você não tem medo de mim
Você tem medo é do amor
Que você guarda para mim
Você não tem medo de mim
Você não tem medo de mim
Você tem medo de você
Você tem medo de querer...
...me amar!

Sintaxe à Vontade

Sem horas e sem dores
Respeitável público pagão
a partir de sempre
toda cura pertence a nós
toda resposta e dúvida
todo sujeito é livre para conjugar o verbo que quiser
todo verbo é livre para ser direto e indireto
nenhum predicado será prejudicado
nem tampouco a vírgula, nem a crase nem a frase e ponto final!
afinal, a má gramática da vida nos põe entre pausas, entre vírgulas
e estar entre vírgulas pode ser aposto
e eu aposto o oposto que vou cativar a todos
sendo apenas um sujeito simples
um sujeito e sua oração
sua pressa e sua verdade, sua fé
que a regência da paz sirva a todos nós... cegos ou não
que enxerguemos o fato
de termos acessórios para nossa oração
separados ou adjuntos, nominais ou não
façamos parte do contexto da crônica
e de todas as capas de edição especial
sejamos também o anúncio da contra-capa
mas ser a capa e ser contra-capa
é a beleza da contradição
é negar a si mesmo
e negar a si mesmo
pode ser também encontrar-se com Deus
com o teu Deus
Sem horas e sem dores
Que nesse encontro que acontece agora
cada um possa se encontrar no outro
até porque...
tem horas que a gente se pergunta...
por que é que não se junta
tudo numa coisa só?
O Teatro Mágico

quinta-feira, 13 de agosto de 2009

Problema Social

Se eu pudesse eu dava um toque em meu destino
Não seria um peregrino nesse imenso mundo cão
Nem o bom menino que vendeu limão
Trabalhou na feira pra comprar seu pão
Não aprendia as maldades que essa vida tem mataria
a minha fome sem ter que roubar ninguém
Juro que nem conhecia a famosa funabem
Onde foi a minha morada desde os tempos de neném
É ruim acordar de madrugada pra vender bala no trem
Se eu pudesse eu tocava em meu destino
Hoje eu seria alguém
Seria um intelectual
Mas como não tive chance de ter estudado em colégio legal
Muitos me chama de pivete
Mas poucos me deram um apoio moral
Se eu pudesse eu não seria um problema social

quinta-feira, 6 de agosto de 2009

Tempo de Amor

Ah, bem melhor seria
Poder viver em paz
Sem ter que sofrer
Sem ter que chorar
Sem ter que querer
Sem ter que se dar

Ah, bem melhor seria
Poder viver em paz
Sem ter que sofrer
Sem ter que chorar
Sem ter que querer
Sem ter que se dar

Mas tem que sofrer
Mas tem que chorar
Mas tem que querer
Pra poder amar

Ah, mundo enganador
Paz não quer mais dizer amor

Ah, não existe coisa mais triste que ter paz
E se arrepender, e se conformar
E se proteger de um amor a mais

O tempo de amor
É tempo de dor
O tempo de paz
Não faz nem desfaz

Ah, que não seja meu
O mundo onde o amor morreu

Ah, não existe coisa mais triste que ter paz
E se arrepender, e se conformar
E se proteger de um amor a mais
E se arrepender, e se conformar
E se proteger de um amor a mais
Baden Powel

terça-feira, 21 de julho de 2009

O novo homem - Drummond.

O homem será feito
em laboratório.
Será tão perfeito
como no antigório.
Rirá como gente,
beberá cerveja
deliciadamente.
Caçará narceja
e bicho do mato.
Jogará no bicho,tirará retrato
com o maior capricho.
Usará bermuda
e gola roulée.
Queimará arrudaindo ao canjerê,
e do não-objetofará escultura.
Será neoconcretose houver censura
.Ganhará dinheiro
e muitos diplomas,
fino cavalheiro
em noventa idiomas.
Chegará a Marte
em seu cavalinho
de ir a toda parte
mesmo sem caminho.
O homem será feito
em laboratório,
muito mais perfeito
do que no antigório.
Dispensa-se amor,
ternura ou desejo.
Seja como flor
(até num bocejo)
salta da retortaum senhor garoto.
Vai abrindo a portacom riso maroto:
"Nove meses, eu?
Nem nove minutos."
Quem já conheceu
melhores produtos?
A dor não preside
sua gestação.
Seu nascer elide
o sonho e a aflição.
Nascerá bonito?
Corpo bem talhado?
Claro: não é mito,
é planificado.
Nele, tudo exato,
medido, bem-posto:
o justo formato,
o standard do rosto.
Duzentos modelos,
todos atraentes.
(Escolher, ao vê-los,
nossos descendentes.)
Quer um sábio? Peça.
Ministro? Encomende.
Uma ficha impressa
a todos atende.
Perdão: acabou-se
a época dos pais.
Quem comia doce
já não come mais.
Não chame de filho
este ser diverso
que pisa o ladrilho
de outro universo.
Sua independência
é total: sem marca
de família, vence
a lei do patriarca.
Liberto da herança
de sangue ou de afeto,
desconhece a aliança
de avô com seu neto.
Pai: macromolécula;
mãe: tubo de ensaio
e, per omnia secula,
livre, papagaio,
sem memória e sexo,
feliz, por que não?
pois rompeu o nexo
da velha Criação,
eis que o homem feito
em laboratório
sem qualquer defeito
como no antigório,
acabou com o Homem.
Bem feito.

Por muito tempo achei que a ausência é falta

Por muito tempo achei que a ausência é falta.
E lastimava, ignorante, a falta.
Hoje não a lastimo.
Não há falta na ausência.
A ausência é um estar em mim.
E sinto-a, branca, tão pegada, aconchegada nos meus braços,
que rio e danço e invento exclamações alegres,
porque a ausência, essa ausência assimilada,
ninguém a rouba mais de mim.
Carlos Drummond de Andrade

domingo, 19 de julho de 2009

Brasil!

Como pensar nesse país, nesse povo, nesse timbre

E não se lembrar dele:

O NOSSO Carnaval.

Afinal Brasileiro é Carnaval!

Mas se tem um povo que nasce com ele correndo nas veias

AH! Esse povo é o baiano.

Pensar em um baiano e não pensar em Carnaval é quase
impossível.

Afinal, Bahia é Carnaval? Ou Carnaval é Bahia?

Um povo, uma festa, O MUNDO.

Esse é o Carnaval de Salvador,

Que nasce do Samba dos negros,

Que cresce nas marchinhas,

Que inova com o carrinho de Dodô e Osmar,

Que na verdade é o TRIO,

Que vive em cada baiano, em cada brasileiro.

Que se conhece pela mistura de blocos,

De Cantores de Axé, de Arrocha, dentre outros.

Desdo Papa de Claudinha,

Aos Filhos de Gandhy, que nasce com os trabalhadores oprimidos de 1949,

Do Ilê Ayê ao Camaleão.

É uma patuscada só, da Barra a Ondina.

Seja branco ou negro, pulando carnaval, só existe um:

O folião.

“Imaginem, que loucura essa mistura.

Alegria, Alegria!

É os estado que chamamos Bahia.

De todos os Santos, Encantos e Axé.

Sagrado e profano o baiano é: CARNAVAL!”

terça-feira, 14 de julho de 2009

A Lista

Faça uma lista de grandes amigos
Quem você mais via há dez anos atrás
Quantos você ainda vê todo dia
Quantos você já não encontra mais
Faça uma lista dos sonhos que tinha
Quantos você desistiu de sonhar
Quantos amores jurados pra sempre
Quantos você conseguiu preservar
Onde você ainda se reconhece
Na foto passada ou no espelho de agora
Hoje é do jeito que achou que seria?
Quantos amigos você jogou fora?
Quantos mistérios que você sondava
Quantos você conseguiu entender?
Quantos defeitos sanados com o tempo
Eram o melhor que havia em você
Quantas mentiras você condenava
Quantas você teve que cometer
Quantas canções que você não cantava
Hoje assobia pra sobreviver
Quantos segredos que você guardava
Hoje são bobos ninguém quer saber
Quantas pessoas que você amava
Hoje acredita que amam você
Oswaldo Montenegro

quinta-feira, 9 de julho de 2009

Neverland

Eu não corri de você.
Apenas me refugiei num lugar onde seu cheiro jamais vai alcançar. Aqui, eu não sinto sua falta. Mesmo fazendo esforço, não consigo lembrar dos seus beijos, sorrisos e nem da sua voz. Não sei mais dizer se você tem cicatrizes ou sinais no rosto. Tampouco se foi sua inteligência, doçura ou jeito que me seduziu.
Sua imagem se reduziu a um vulto cinza e embassado.
Onde eu me encontro, você é apenas ilusão. Algo que não existiu de fato, só em pensamento. E hoje, esses pensamentos sequer existem mais.
E, mesmo que um dia eu sinta necessidade de preencher algum vazio e queira lembrar tudo que representa você, vai ser impossível. Pois eu não sei o caminho de volta.
Não perca tempo tentando me achar. Não acho que você seja capaz de encontrar.
Eu fugi para a realidade, meu bem.

terça-feira, 7 de julho de 2009

Eu te amo não diz tudo.

O cara diz que te ama, então tá! Ele te ama. Assunto encerrado.
Você sabe que é amado porque lhe disseram isso, as três palavrinhas mágicas.
Mas saber-se amado é uma coisa, sentir-se amado é outra, uma diferença de quilômetros.
A demonstração de amor requer mais do que beijos, sexo e palavras.
Sentir-se amado é sentir que a pessoa tem interesse real na sua vida, que zela pela sua felicidade, que se preocupa quando as coisas não estão dando certo, que coloca-se a postos para ouvir suas dúvidas e que dá uma sacudida em você quando for preciso.
Ser amado é ver que ele(a) lembra de coisas que você contou dois anos atrás, e vê-lo(a) tentar reconciliar você com seu pai, é ver como ele(a) fica triste quando você está triste, e como sorri com delicadeza quando diz que você está fazendo uma tempestade em copo d’água.
Sentem-se amados aqueles que perdoam um ao outro e que não transformam a mágoaem munição na hora da discussão.
Sente-se amado aquele que se sente aceito, que se sente inteiro.
Sente-se amado aquele que tem sua solidão respeitada, aquele que sabe que tudo pode ser dito e compreendido.
Sente-se amado quem se sente seguro para ser exatamente como é, sem inventar um personagem para a relação, pois personagem nenhum se sustenta muito tempo.
Sente-se amado quem não ofega, mas suspira; quem não levanta a voz, mas fala; quem não concorda, mas escuta.
Agora, sente-se e escute: Eu te amo não diz tudo!
Arnaldo Jabor

sexta-feira, 3 de julho de 2009

Salve, salve a Mafalda!


Impacto - Ferrez

O furacão chegou pra devastar
Casa de elite, carro de luxo
Com o Catrina nada vai sobrar
Você está preparado
São grandes os estragos
Porque Cristo causou impacto.
Avistamentos, óvnis, seres alienígenas.
Ondas, tsunami, massacre promovido aos Incas.
Iraque, Irã, Arábia, Saudita.
Bush no fundo é israelita.
O numero de mortos é incalculável.
O começo do fim inevitável
Word Trade Center é o apelitivo do terror
Que os americanos promovem e Israel massificou
Morro dona Marta, muita cocaína
O dinheiro da cidade, faz morte lá em cima
Capão Redondo terra Jerusalém
As mães choram de dor, e dizem amém
São grandes os estragos
Cristo causou impacto
Classes dirigentes, juventudes alienadas
Evangelizar o povo, dominar a manada
Educação, robalheira, televisão
A rima imprópria do futuro da nação.
O fracasso é a palavra do Brasil
Na bandeira, mate e prostitua o azul anil
Calmaria, choro, rezas, insanos
O feto americano vale dez mil iraquianos
Bombas em Cabul, letras opacas
O rap é vendido e a ideologia é assassinada a facadas
Usado até pra promover cerveja
O fim dos vermes pelo capitalismo assim seja
Preto Ghóez, escritor ativista sul americano
Ideologia brasileira herói de cem mil manos.
Desanimo, desgosto, imoral
Tudo é mentira na nova ordem mundial
São grandes os estragos
Esteja preparado,cristo causou impacto.
Sua fé é negociada com franchising
A indústria da miséria é style
Tudo se compra, tudo se vende
A moralidade em dólar se perde
A letra definitiva da traição
PT, PSDB, muito dinheiro, foda-se a nação.
O caos reinante pra julgar
Família, desbarrancamento pede a Deus ajuda
Enquanto todos olham da beira da piscina
Um país que se mata sempre sem estima
A letra é crua e faz estrago
O escritor é pobre, desgostoso mas nunca fracassado
Retratando o documentário fictício
De um povo novela quase extinto
Índios, negros, mães a chorar
Meninos periféricos com palavrarmas
São grandes os estragos
Esteja preparado
Cristo causou impacto
Tecle na infernet
Esteja conectado
O diabo via-email manda um abraço
Ficamos dependentes, adulados
Como o filho que do pai espera o salário
Como o religioso espera o dizimo
É disso que eu não assino e não repito
Professores sangram giz e lutam
Os políticos gozam enquanto estupram
O mal não vai voltar e nem será saciado
O ser humano é um vírus parasitário
A santidade come criancinhas
O papa nazista com pedra na vesícula
O anus democrata se abre todo dia
A croaca da modelo não precisa
Ouço TV e degusto a sinfonia da hipocrisia
O rap é antídoto para a loucura da maioria
Do gueto ao gueto não esquece
Zumbi, GOG que a invasão comece
Sou prisioneiro de um mundo irreal
Programado para viver um ideal
Cada momento ficará só comigo
O dadaísmo vem de um anfíbio
Poesia concreta é um papel preenchido
O mundo superaquece e volta ao inicio
Sou filho do Clã nordestino
Du gueto me pediu por isso
Literatura Marginal o meu livro
A Cia treinou agentes brasileiros
No barro branco o Dops matou meus parceiros
Crianças superdotadas vão sorrir
Anunciado a sabedoria que não vêem aqui
O que você quer ser e não será
O que quer obter e não comprará
Dispersão, falta de interesse intriga
k.i. mais baixo faz mal a várias vidas
álcool, baseado, bolinhas
com qual alucinógeno você se identifica
uma coisa fique bem colocado
são grandes os estragos
cristo causou impacto.
Aqui ou do outro lado
Viver reto é só um estágio
Sociedades secretas nascem
Religiões e seitas se espalhem
Com qual você se embebedada
Qual você abre as pernas
O sonho da liberdade foi comprada
Pelo juiz que queria mais uma casa na praia
O triste é chegar no fim da estrada
E ver que a vida é um eterno retorno ao grande nada.

Palavrão.

O nível de stress de uma pessoa é inversamente proporcional à quantidade de foda-se!" que ela diz. Existe algo mais libertário do que o conceito do "foda-se!"? O "foda-se!" aumenta a minha auto-estima, torna-me uma pessoa melhor. Reorganiza as coisas. Liberta-me. "Não quer sair comigo?! Então, foda-se!" "Vai querer mesmo decidir essa merda sozinho(a)?! Então, foda-se!" O direito ao "foda-se!" deveria estar assegurado na Constituição. Os palavrões não nasceram por acaso. São recursos extremamente válidos e criativos para dotar o nosso vocabulário de expressões que traduzem com a maior fidelidade os nossos mais fortes e genuínos sentimentos. É o povo a fazer a sua língua. Como o Latim Vulgar, será esse Português Vulgar que vingará plenamente um dia. "Comó caralho", por exemplo. Que expressão traduz melhor a ideia de muita quantidade que "comó caralho"? "Comó caralho" tende para o infinito, é quase uma expressão matemática. A Via Láctea tem estrelas comó caralho, o Sol é quente comó caralho, o universo é antigo comó caralho, eu gosto de cerveja comó caralho, entendes? No género do "comó caralho", mas, no caso, expressando a mais absoluta negação, está o famoso "nem que te fodas!". Nem o "Não, não e não!" e tampouco o nada eficaz e já sem nenhuma credibilidade "Não,nem pensar!" o substituem. O "nem que te fodas!" é irretorquível eliquida o assunto. Liberta-te, com a consciência tranquila, para outras atividades de maior interesse na tua vida. Aquele filho pintelho de 17 anos atormenta-te pedindo o carro para ir surfar na praia? Não percas tempo nem paciência. Solta logo um definitivo "Jorginho, presta atenção, filho querido,nem que te fodas!". O impertinente aprende logo a lição e vai para o Centro Comercial encontrar-se com os amigos, sem qualquer problema, e tu fecha olhos e voltas a curtir o CD (...) Há outros palavrões igualmente clássicos. Pense na sonoridade de um>> > "Puta que pariu!", ou seu correlativo "Pu-ta-que-o-pa-riu!", falado assim, cadenciadamente, sílaba por sílaba. Diante de uma notícia irritante, qualquer "puta-que-o-pariu!", dito assim, põe-te outra vez nos eixos. Os teus neurónios têm o devido tempo e clima para se reorganizarem e encontrarem a atitude que te permitirá dar um merecido troco ou livrares-te de maiores dores de cabeça. E o que dizer do nosso famoso "vai levar no cu!"? E a sua maravilhosa e reforçadora derivação "vai levar no olho do cu!"? Já imaginaste o bem que alguém faz a si próprio e aos seus quando, passado o limite do suportável, se dirige ao canalha de seu interlocutor e solta: "Chega!Vai levar no olho do teu cu!"? Pronto, tu retomaste as rédeas da tua vida, a tua auto-estima. Desabotoas a camisa e sais à rua, vento batendo na face, olhar firme, cabeça erguida, um delicioso sorriso de vitória e renovado amor-íntimo nos lábios. E seria tremendamente injusto não registar aqui a expressão de maior poder de definição do Português Vulgar: "Fodeu-se!". E a sua derivação, mais avassaladora ainda: "Já se fodeu!". Conheces definição mais exata, pungente e arrasadora para uma situação que atingiu o grau máximo imaginável de ameaçadora complicação? Expressão, inclusive, que uma vez proferida insere o seu autor num providencial contexto interior de alerta e auto-defesa. Algo assim como quando estás a conduzir bêbedo, sem documentos do carro, sem carta de condução e ouves uma sirene de polícia atrás de ti a mandar-te parar. O que dizes? "Já me fodi!" Liberdade, igualdade, fraternidade e foda-se!

Com licença poética

Quando nasci um anjo esbelto,
desses que tocam trombeta, anunciou:
vai carregar bandeira.
Cargo muito pesado pra mulher,
esta espécie ainda envergonhada.
Aceito os subterfúgios que me cabem,
sem precisar mentir.
Não sou tão feia que não possa casar,
acho o Rio de Janeiro uma beleza e
ora sim, ora não, creio em parto sem dor.
Mas o que sinto escrevo. Cumpro a sina.
Inauguro linhagens, fundo reinos
-- dor não é amargura.
Minha tristeza não tem pedigree,
já a minha vontade de alegria,
sua raiz vai ao meu mil avô.
Vai ser coxo na vida é maldição pra homem.
Mulher é desdobrável. Eu sou.

Adélia Prado.

De Viviane Mosé:


domingo, 28 de junho de 2009

Gramática

A gramática prescritiva é quando se estabelece uma ordenam lógica em um idioma específico, definindo normas que vão determinar o que é apropriado no uso desse idioma. Surgindo a noção de certo e errado, aonde o que não estiver de acordo com as normas, com as regras gramaticais, é classificado como errado, e logo, o que estiver de acordo está correto. Em contra partida, surge a Gramática descritiva, que diferentemente da prescritiva procura contemplar as formas de expressão utilizadas pelos falantes de um certo idioma, tentando identificar quando e por quem foram criadas, banindo a definição de certo ou errado, o descrevendo a língua como é falada.

sábado, 20 de junho de 2009

o veríssimo.


Chapeuzinho Vermelho

Sentindo em seu sangue o tumultuar ardente dos ginetes impávidos de sua configuração cósmica, estrelas maduras de sua juventude, Chapeuzinho Vermelho tentava atravessar a Floresta agreste onde uma rosa é uma rosa é uma rosa é uma rosa, onde as árvores eram ao mesmo tempo como frutos de amor da terra pelo vento e pelo sol e uma obstinação da natureza contra o homem, quando viu surgir à sua frente a figura contrastante e terrificadora do Lobo Mau, que lhe perguntou aonde se dirigia.
-"Ah"- disse o Lobo - "que maravilha és e que maravilha que fosses minha namorada. Porque o maravilhoso, quando se encontra o Ser que se Ama, a Enamorada distante, é os dois ficarem calados, nada dizendo, ela sabendo que naquele silêncio está sendo mais amada que nunca, tornando-se mais linda em seu quieto silêncio."
E, assim, envolvida pelo som dessa voz, Chapeuzinho Vermelho prossegue seu caminho, chega à casa da sua avó e, na surpresa de encontrá-la acordada, pergunta por quê. Ah, o porquê da insônia. Neurastenia Noturna. Agonia do Cérebro. "Minha avó"- pergunta Chapeuzinho - "por que tens orelhas tão grandes?" "Ah, filha, isso é para ouvir o ouvido e o som do teu som. Quando tiveres ido há muito, inda te sentirei junto a mim." "Vó, e por que esses olhos tão grandes?" "Ah, filha, é para a contemplação da Beleza, a Beleza de todos os dias, a luz das estrelas que vivemos perdendo."
-"Vó, e para que esses dentes tão grandes?"- "Ah, filha, acredito no Amor, pássaros, ondas, céus, palavras claras e também confusas. Acredito que o amor é um manjar do céu, que a criatura amada é o único alimento do coração, e por isso tenho esses dentes tão grandes: porque és o meu amor."
Quando ele e ela se tornaram uma só pessoa, então a vida começou e não haverá mais Fim, pois não pode haver Fim quando duas pessoas estão juntas, uma dentro da outra.
Millôr Fernandes.

sexta-feira, 19 de junho de 2009

Projeto NURC

O Projeto NURC nasce como uma adaptação do projeto feito por Juan Lope Blanch, que buscaria descrever a norma culta do espanhol falado. Obviamente o projeto no Brasil colocaria em foco a língua portuguesa.
Em 1969, o NURC é implantado em 5 cidades do país, que foram selecionadas por: terem pelo menos um milhão de habitantes e terem estratificação social suficiente para atender às exigências do projeto.
O objetivo do projeto inicialmente era, como foi citado no começo deste texto, documentar e descrever a norma culta do português falado nas 5 cidades selecionadas. Mas em 1985, houve uma ampliação do objetivo incial, que procurava agora, também: análisar a conversação, análisar a narrativa, análisar o discurso sócio-pragmática, dentre outros.
Atualmente o projeto consta com um acervo de videos, tendo em vista que muitos precisam ter seu audio recuperado, mas também com um acervo de livros.

Procura da Poesia - Carlos Drummond

Não faças versos sobre acontecimentos.
Não há criação nem morte perante a poesia.
Diante dela, a vida é um sol estático,
não aquece nem ilumina.
As afinidades, os aniversários, os incidentes pessoais não contam.
Não faças poesia com o corpo,
esse excelente, completo e confortável corpo, tão infenso à efusão lírica.

Tua gota de bile, tua careta de gozo ou de dor no escurosão indiferentes.
Nem me reveles teus sentimentos,
que se prevalecem do equívoco e tentam a longa viagem.
O que pensas e sentes, isso ainda não é poesia.

Não cantes tua cidade, deixa-a em paz.
O canto não é o movimento das máquinas nem o segredo das casas.
Não é música ouvida de passagem, rumor do mar nas ruas junto à linha de espuma.

O canto não é a natureza
nem os homens em sociedade.
Para ele, chuva e noite, fadiga e esperança nada significam.
A poesia (não tires poesia das coisas)
elide sujeito e objeto.

Não dramatizes, não invoques,
não indagues. Não percas tempo em mentir.
Não te aborreças.
Teu iate de marfim, teu sapato de diamante,
vossas mazurcas e abusões, vossos esqueletos de família
desaparecem na curva do tempo, é algo imprestável.

Não recomponhas
tua sepultada e merencória infância.
Não osciles entre o espelho e amemória em dissipação.
Que se dissipou, não era poesia.
Que se partiu, cristal não era.

Penetra surdamente no reino das palavras.
Lá estão os poemas que esperam ser escritos.
Estão paralisados, mas não há desespero,
há calma e frescura na superfície intata.
Ei-los sós e mudos, em estado de dicionário.
Convive com teus poemas, antes de escrevê-los.
Tem paciência se obscuros. Calma, se te provocam.
Espera que cada um se realize e consume
com seu poder de palavrae seu poder de silêncio.
Não forces o poema a desprender-se do limbo.
Não colhas no chão o poema que se perdeu.
Não adules o poema.
Aceita-ocomo ele aceitará sua forma definitiva e concentrada
no espaço.

Chega mais perto e contempla as palavras.
Cada umatem mil faces secretas sob a face neutra
e te pergunta, sem interesse pela resposta
,pobre ou terrível, que lhe deres:
Trouxeste a chave?

Repara:
ermas de melodia e conceito
elas se refugiaram na noite, as palavras.
Ainda úmidas e impregnadas de sono,
rolam num rio difícil e se transformam em desprezo.

O grande Edgar - Luis F. Veríssimo.

Já deve ter acontecido com você.
- Não está se lembrando de mim?
Você não está se lembrando dele. Procura, freneticamente, em todas as fichas armazenadas na memória o rosto dele e o nome correspondente, e não encontra. E não há tempo para procurar no arquivo desativado. Ele está ali, na sua frente, sorrindo, os olhos iluminados, antecipando a sua resposta. Lembra ou não lembra?
Neste ponto, você tem uma escolha. Há três caminhos a seguir. Um, o curto, grosso e sincero.
- Não.
Você não está se lembrando dele e não tem por que esconder isso. O "Não" seco pode até insinuar uma reprimenda à pergunta. Não se faz uma pergunta assim, potencialmente embaraçosa, a ninguém, meu caro. Pelo menos não entre pessoas educadas. Você devia ter vergonha. Não me lembro de você e mesmo que lembrasse não diria. Passe bem.
Outro caminho, menos honesto mas igualmente razoável, é o da dissimulação.
- Não me diga. Você é o... o...
"Não me diga", no caso, quer dizer "Me diga, me diga". Você conta com a piedade dele e sabe que cedo ou tarde ele se identificará, para acabar com a sua agonia. Ou você pode dizer algo como:
- Desculpe deve ser a velhice, mas...
Este também é um apelo à piedade. Significa "Não torture um pobre desmemoriado, diga logo quem você é!" É uma maneira simpática de dizer que você não tem a menor idéia de quem ele é, mas que isso não se deve à insignificância dele e sim a uma deficiência de neurônios sua.
E há o terceiro caminho. O menos racional e recomendável. O que leva à tragédia e à ruína. E o que, naturalmente, você escolhe.
- Claro que estou me lembrando de você!
Você não quer magoá-lo, é isso. Há provas estatísticas que o desejo de não magoar os outros está na origem da maioria dos desastres sociais, mas você não quer que ele pense que passou pela sua vida sem deixar um vestígio sequer. E, mesmo, depois de dizer a frase não há como recuar. Você pulou no abismo. Seja o que Deus quiser. Você ainda arremata:
- Há quanto tempo!
Agora tudo dependerá da reação dele. Se for um calhorda, ele o desafiará.
- Então me diga quem eu sou.
Neste caso você não tem outra saída senão simular um ataque cardíaco e esperar, falsamente desacordado, que a ambulância venha salvá-lo. Mas ele pode ser misericordioso e dizer apenas:
- Pois é.Ou:- Bota tempo nisso.
Você ganhou tempo para pesquisar melhor a memória. Quem é esse cara, meu Deus? Enquanto resgata caixotes com fichas antigas do meio da poeira e das teias de aranha do fundo do cérebro, o mantém à distância com frases neutras como "jabs" verbais.
- Como cê tem passado?- Bem, bem.- Parece mentira.- Puxa.
(Um colega da escola. Do serviço militar. Será um parente? Quem é esse cara, meu Deus?)
Ele está falando:
- Pensei que você não fosse me reconhecer...- O que é isso?!- Não, porque a gente às vezes se decepciona com as pessoas.- E eu ia esquecer você? Logo você?- As pessoas mudam. Sei lá.- Que idéia!
(É o Ademar! Não, o Ademar já morreu. Você foi ao enterro dele. O... o... como era o nome dele? Tinha uma perna mecânica. Rezende! Mas como saber se ele tem uma perna mecânica? Você pode chutá-lo, amigavelmente. E se chutar a perna boa? Chuta as duas. "Que bom encontrar você!" e paf, chuta uma perna. "Que saudade!" e paf, chuta a outra. Quem é esse cara?)
- É incrível como a gente perde contato.- É mesmo.
Uma tentativa. É um lance arriscado, mas nesses momentos deve-se ser audacioso.
- Cê tem visto alguém da velha turma?- Só o Pontes.- Velho Pontes!
(Pontes. Você conhece algum Pontes? Pelo menos agora tem um nome com o qual trabalhar. Uma segunda ficha para localizar no sótão. Pontes, Pontes...)
- Lembra do Croarê?- Claro!- Esse eu também encontro, às vezes, no tiro ao alvo.- Velho Croarê!
(Croarê. Tiro ao alvo. Você não conhece nenhum Croarê e nunca fez tiro ao alvo. É inútil. As pistas não estão ajudando. Você decide esquecer toda a cautela e partir para um lance decisivo. Um lance de desespero. O último, antes de apelar para o enfarte.)
- Rezende...- Quem?
Não é ele. Pelo menos isso está esclarecido.
- Não tinha um Rezende na turma?- Não me lembro.- Devo estar confundindo.
Silêncio. Você sente que está prestes a ser desmascarado.
- Sabe que a Ritinha casou?- Não!- Casou.- Com quem?- Acho que você não conheceu. O Bituca.
Você abandonou todos os escrúpulos. Ao diabo com a cautela. Já que o vexame é inevitável, que ele seja total, arrasador. Você está tomado por uma espécie de euforia terminal. De delírio do abismo. Como que não conhece o Bituca?
- Claro que conheci! Velho Bituca...- Pois casaram...
É a sua chance. É a saída. Você passa ao ataque.
- E não me avisaram nada?!- Bem...- Não. Espera um pouquinho. Todas essas coisas acontecendo, a Ritinha casando com o Bituca, o Croarê dando tiro, e ninguém me avisa nada?!- É que a gente perdeu contato e...- Mas o meu nome está na lista, meu querido. Era só dar um telefonema. Mandar um convite.- É...- E você ainda achava que eu não ia reconhecer você. Vocês é que esqueceram de mim!- Desculpe, Edgar. É que...- Não desculpo não. Você tem razão. As pessoas mudam...
(Edgar. Ele chamou você de Edgar. Você não se chama Edgar. Ele confundiu você com outro. Ele também não tem a mínima idéia de quem você é. O melhor é acabar logo com isso. Aproveitar que ele está na defensiva. Olhar o relógio e fazer cara de "Já?!")
- Tenho que ir. Olha, foi bom ver você, viu?- Certo, Edgar. E desculpe, hein?- O que é isso? Precisamos nos ver mais seguido.- Isso.- Reunir a velha turma.- Certo.- E olha, quando falar com a Ritinha e o Mutuca...- Bituca.- E o Bituca, diz que eu mandei um beijo. Tchau, hein?- Tchau, Edgar!
Ao se afastar, você ainda ouve, satisfeito, ele dizer "Grande Edgar". Mas jura que é a última vez que fará isso. Na próxima vez que alguém lhe perguntar "Você está me reconhecendo?" não dirá nem não. Sairá correndo

quinta-feira, 18 de junho de 2009

O que você vê, quando você olha?

Não, eu não li o livro todo. Basicamente por vários motivos, que não vem ao caso agora. E sinceramente, não, eu não achei o livro mais brilhante que eu li. É interessante, me acrescenta em vários aspectos, mas não é muito o meu estilo. De maneira que ele não me prendeu até o final, mas me abriu os olhos.
Mas tem uma coisa nesse livro, por mais que eu não goste desse tipo de leitura que me chamou atenção: repare em um relato de uma pessoa olha para uma favela e que não mora dentro da favela, agora repare no relato de uma pessoa que olha a mesma favela e mora nela. Estranhamente, ou não, a favela em questão não será a mesma para as duas pessoas. E é justamente o ponto de vista de um morador de uma favela, que aparece no livro “Capão Pecado”.
O livro aparentemente fala da vida de um garoto normal que tenta ser direito e ter estudos, que acaba se apaixonando pela garota “errada” e acaba pagando o pato por isso. Aparentemente, só não é. O livro escrito por Ferrez vai muito além de relatar o amor proibido de dois jovens, ele abre um leque enorme de variedades culturais, ao mostrar o dia a dia de pessoas comuns, traficantes, dentre outras “figuras” que vivem ou freqüentam uma favela.
O livro tem uma linguagem realista, sem mentiras e sem piadas com a cultura do português falado no Brasil, onde o brasileiro não é descaracterizado. Além de apresentar esse aspecto do nosso cotidiano, o livro é bem direto nas suas descrições, contando de maneira rica tudo que se passa na vida dos personagens.Não se trata de um conto de fadas, onde no final fica tudo bem, e só no final os casais se beijam, trata se da realidade de todos, não só dos “favelados” como também dos playboys das cidades. Ninguém é puro o suficiente, todos já nascem tortos, afinal somos todos humanos, inclusive Rael.
Rael, personagem principal do livro, não aparece fantasiado ou idealizado, Rael aparece como um brasileiro, que pode ser eu, ou você, depende somente de onde nós estamos. Ele tem sonhos, tem paixões, tem fraquezas, faz sexo, fala alto, arrota, xinga! É mais um, dentre muitos que estão na favela do Capão Redondo, na cidade de São Paulo, no Brasil, em favelas ou não.
Tem gente que se assusta ao ler o livro, pelo vocabulário, pelos assuntos abordados, pelas situações vividas, mas vejamos, se você quer historinhas de fantasia, não devia ter passado de Cinderela. Hora vamos! Não existe fada madrinha, mas existe o crack, não existe o príncipe, mas existe o “bandido malvado”, não existe a abobora que vira charrete, mas existe o barraco em que muitos brasileiros vivem, não existe a cinderela, mas existe a puta que muitos pagam. Sendo realista, mesmo, quem quer fantasia, não sai nem de casa.
Agora vem a questão, quando você lê um livro desses, quando você passar por uma favela, ou até um bairro pobre “O que você vê, quando você olha?”

terça-feira, 16 de junho de 2009

quinta-feira, 11 de junho de 2009

cala a boca!

Não deixem que te calem
Não permitam que te diminuam
Não escute nunca calado
Não se amedronte.

Tenha medo é de ser apenas mais um
Que faz tudo certo
Tudo concreto
Tudo igual

Seja diferente
E não espere que te aplaudam no final

A Cartilha.

Imaginem se todos os sonhos de cada pessoa no mundo fossem resumidos e escritos em uma folha de papel, mesma folha que seria colocada em uma garrafa e lançada ao mar. Se seu sonho voltar o mar o abençoou, e ele vai se realizar, mas se não voltar? Mude de sonho, bobinho... O mar já cancelou todas as possibilidades dele se realizar! Agora deixem de imaginar! Pensem... O grandioso mar, na nossa realidade seria a sociedade, que nos faz formatar nossos sonhos em papeis, pra vê se ele pode ser aprovado, e se não for? Que pena. Quando vemos filmes, como “Billy Eliot” ou “Menina de Ouro”, observamos o sonho de pessoas diferentes que estão pondo a prova pela sociedade, aonde as pessoas discriminam umas as outras por serem diferentes, por terem sonhos diferentes e por não buscarem um padrão idealizado pela sociedade. E esses mesmos filmes mostram a luta das classes desfavorecidas pelos seus sonhos, lembrando que os filmes nem sempre mostram a realidade total dos fatos, como seria na vida real, sempre tem um toque “hollywoodiano” onde o final é feliz. A realidade nem sempre tem um final feliz, onde os sonhos se realizam. Focando-se mais ainda no filme “Billy Eliot”, podemos ver a cartilha da sociedade agindo sobre os indivíduos que nela estão, cartilha na qual consta que os homens não podem ser homossexuais ou dançarem balé, onde as pessoas tem que seguir o seu papel, mesmo que a quebra dessa regra signifique uma vida melhor e mais feliz, o que importa é a cartilha. A cartilha da sociedade não se vende, não foi publicada por nenhuma editora, ela simplesmente é implantada na gente, assim que nascemos ela vem com a gente. Se for menina, é donzela não pode tomar atitude em um romance, não pode dar o primeiro passo, senta e espera o homem chegar nela. Se for homem, é garanhão não pode ser froxo, tem que ser grosso, ter atitude, chegar junto. Quem disse isso? A cartilha, meu rei. Quer ver a ira dos Deuses? Rasgue, cuspa e jogue fora a cartilha! Manda todo mundo pra puta que pariu, vira homem e pensa, reformula, faz e escreve sua própria cartilha, nela você pode! E os Deuses? Vão torcer o nariz pra você, vão te diminuir, vão fazer o caos na sua vida, para você poder voltar à cartilha padrão. Mas e você? Você é maior que os deuses você não segue o padrão, você não quer ser mais um, você simplesmente se diferencia. Não importa o que digam, se dê certo ou dê errado, se seu sonho mesmo com a sua nova cartilha não se torne realidade, até se rirem você, realmente não importa você fez diferente em vez de continuar a gravar a velha cartilha. Virou lenda.

domingo, 7 de junho de 2009

de Arnaldo Jabor

Na hora de cantar todo mundo enche o peito nas boates, nos bares, levanta os braços, sorri e dispara: ´eu sou de ninguém, eu sou de todo mundo e todo mundo é meu também´. No entanto, passado o efeito do uísque com energético e dos beijos descompromissados, os adeptos da geração ´tribalista´ se dirigem aos consultórios terapêuticos, ou alugam os ouvidos do amigo mais próximo e reclamam de solidão, ausência de interesse das pessoas, descaso e rejeição. A maioria não quer ser de ninguém, mas quer que alguém seja seu. Não dá, infelizmente, para ficar somente com a cereja do bolo - beijar de língua, namorar e não ser de ninguém. Para comer a cereja é preciso comer o bolo todo e nele, os ingredientes vão além do descompromisso, como:não receber o famoso telefonema no dia seguinte, não saber se está namorando mesmo depois de sair um mês com a mesma pessoa, não se importar se o outro estiver beijando outra, etc, etc, etc. Desconhece a delícia de assistir a um filme debaixo das cobertas num dia chuvoso comendo pipoca com chocolate quente, o prazer de dormir junto abraçado, roçando os pés sob as cobertas e a troca de cumplicidade, carinho e amor. Namorar é algo que vai muito além das cobranças. É cuidar do outro e ser cuidado por ele, é telefonar só para dizer bom dia, ter uma boa companhia para ir ao cinema de mãos dadas, transar por amor, ter alguém para fazer e receber cafuné, um colo para chorar, uma mão para enxugar lágrimas, enfim, é ter ´alguém para amar´.. Somos livres para optarmos! E ser livre não é beijar na boca e não ser de ninguém. É ter coragem, ser autêntico e se permitir viver um sentimento...

terça-feira, 2 de junho de 2009

A carne.

A carne mais barata do mercado é a carne negra

Que vai de graça pro presídio
E para debaixo do plástico
Que vai de graça pro subemprego
E pros hospitais psiquiátricos

A carne mais barata do mercado é a carne negra
Que fez e faz história pra caralho
Segurando esse país no braço, meu irmão.
O gado aqui não se sente revoltado
Porque o revólver já está engatilhado
E o vingador é lento, mas muito bem intencionado
Esse país vai deixando todo mundo preto
E o cabelo esticado

E mesmo assim, ainda guardo o direito
De algum antepassado da cor
Brigar por justiça e por respeito
De algum antepassado da cor
Brigar bravamente por respeito

Carne negra

quinta-feira, 28 de maio de 2009

Marx

O tal do Marx


Não tinha dinheiro, era pobre e lascado, mas estudava e dedicou-se a seus estudos durante anos e mais anos, mesmo assim. Podia ter sido mais um advogado, do seu tempo, apenas e tão somente mais um. Então decidiu não ser. Nasceu, cresceu e morreu em uma sociedade capitalista, na qual ele detestava, assim ele fez questão de mostrar, mesmo sem premição, o lado negro do mundo capitalista.
Detalhadamente, ele explicou o capitalismo, e suas diversas faces; mostrou aos proletários que eles não eram tão iguais aos burgueses como aparecia nas leis; fez livros e textos não só para serem lidos por estudiosos, cientistas ou filosófos, os fez para o povo, para que eles entendessem a sua sociedade; e os instigou a se rebelar contra o Estado, a tomar o poder! Estudou todas as contradições do sistema ultilizado, e mostrou ao mundo o quão desigual era na prática. Se tornou o pai do movimento proletáriado, e os defendia com sua vida. Provocou as autoridades, foi expulso de lugares, mas ele ligou?
Ele é simplesmente o “re-voltado” mais estudado dos dias de hoje, amplamente, em todas as disciplinas, justamente por ter “traduzido” o sistema capitalista real, para o mundo. Então se você quer entender a sociedade atual, é sempre bom (ou será ótimo?), ler Marx.


luisa r.

domingo, 24 de maio de 2009

hj.

Tem uns dias em que devia ser proibido levantar!
Aqueles dias chatos, em que tudo não dá certo.
E o pior de tudo, é que o dia tinha as melhores chances de dar certo.
Aqueles dias em que tem aquela festa, que você conta os dias pra chegar, durante meses...
e no final das contas? sai tudo errado.
Tem digas que não tem jeito, você briga com a mãe, o papagaio e o piriquito!
Você acorda, dá tudo errado, e parece que todo mundo quer que dê errado.
Escolhem aquele dia pra te pentelhar, pra te magoar, que dia ein?
E você não sabe se chora, se ri...se se mata! SE JOGA.
Aquele vazio imenso surge, um precipício surge e você na ponta, prestes a cair.
Dai você pergunta, o que você fez de errado para merecer isso. Isso.
A única coisa que dá pra pensar nessas horas, é que amanhã vai melhorar...
mas será que melhora?
Pensando bem, não devia ter acordado hoje.

quinta-feira, 21 de maio de 2009

Resumo Crítico do texto “Dias de sombra, dias de luz.”

O texto aborda questões éticas, sobre justiça e moralidade, de uma maneira ampla. Se posicionando muitas vezes “em cima do muro”, sem tomar partido em quaisquer questões abordadas. Mas ao longo do seu texto, o autor faz uma reflexão sobre seu comportamento indeciso, por não tomar posição, deixando claro que ele não considera que “[...] agir e pensar com justiça não é uma questão de tomar partido; é questão de experimentação sócio-moral [...]” Ao abordar questões tão atuais, e mostrar o quanto é difícil saber o que é certo ou errado – se é que existe o certo ou o errado -, ele acaba revelando uma das saídas para o caos que está o mundo hoje, com crianças matando crianças, com governantes despreocupados com a nação e seu povo, com a elite desqualificando os pobres, que é a união de todos, afinal somos um povo só. Ele mostra que crê na juventude de hoje como o começo para a modificação da sociedade brasileira atual, que está em pleno caos sócio-moral. “Sem esse sonho, viver serve pra quê?” acredita o autor.

Resumo de citação do texto “Dias de sombra, dias de luz.”

- Parágrafo 1; linha um: Sem o sonho de que os tempos sombrios passarão, viver serve para quê?

- Parágrafo 2; linha quatro a oito: Seja como for, para evitar o dano mais grave é preciso admitir o evidente: criamos uma sociedade inconseqüente que se vê a braços com o pior efeito da inconseqüência humana: a carnificina monstruosa, na qual crianças matam crianças, sem se dar conta da imoralidade do que estão fazendo.

- Parágrafo 4; linha um a quatro: Aí, porém, reside a trágica antinomia da condição humana. Apesar de não ter controle sobre as causas que o levaram a agir como agiu, o garoto é responsável pelo que fez, a menos que o consideremos um puro espectro humanóide, o que seria incomensuravelmente mais desumanizante.

- Parágrafo 4; linha seis a oito: Conclusão: é nosso dever ético condenar e procurar mudar, por todos os meios possíveis, regimes socioeconômicos que favoreçam a formação moral de pessoas sem consciência do que seja crueldade.

- Parágrafo 7; linha quatro a seis: Mas qual justiça, volto a perguntar? A dos códigos e protocolos ou a da aspiração ao respeito absoluto e inegociável pela singularidade do outro? O dilema é mais difícil do que se costuma fazer crer.

- Parágrafo 8; linha cinco a oito: O gênio da língua tarda, mas não falta. Dispomos, em português, de uma palavra para designar filhos que perdem pais, qual seja, “órfão”; não dispomos de palavra alguma para nomear o que se torna um pai ou uma mãe que perde um filho.

- Parágrafo 11; linha um a linha sete: Por que, então, já não fizemos o óbvio? Porque, de um lado, o arcaico senhoriato empresarial-político brasileiro empenhou-se em fabricar uma caricatura dos mais pobres como um bando de desclassificados indolentes, reprodutores irresponsáveis de criaturas que não sabem como alimentar e educar, e que, por isso mesmo, não merecem viver na mesma cidade que eles; de outro, porque boa parte dos que têm poder de agir na esfera pública e criticam essa concepção indigna do povo brasileiro demitiu-se, por cansaço ou decepção, da tarefa de formar uma elite comprometida com um projeto de nação.

- Parágrafo 13; linha um: Eis uma das chaves da saída: um só mundo, um só povo.

quarta-feira, 6 de maio de 2009

Análise do Texto “O Gigolô das Palavras” de Luiz F. Veríssimo.

“Senhoras revisoras e senhores revisores, deixem a gente escrever em português brasileiro, pelo amor de Oxum! Consultem os seus calendários: estamos no século 21! Vão estudar um pouco, saiam de sua redoma de vidro impermeável às mudanças da língua e venham aprender como se fala e se escreve o português do Brasil!” (BAGON, Marcos. Deixem eu ser brasileiro. In: Revista Caros Amigos. http://www.marcosbagno.com.br/conteudo/textos-carosamigos.htm. Acesso em 04/05/2009).
Aprendemos que a Gramática é importantíssima para se falar português, para se entender português, para se escrever em português. Mas afinal, falamos português? Somos brasileiros, nascidos no Brasil, mas falamos português. Porque português? Porque gramática?
Existem defensores fervorosos de que quem não sabe Gramática não pode ser um bom escritor, como se fosse um mau filho da língua portuguesa aquele que não sabe se o predicado é verbal ou nominal. Mas há outros que entendem que a gramática é necessária, mas não é tudo. Um deles é Luiz F. Veríssimo, que no seu Texto “O Gigolô das Palavras”, menciona: “[...] A Gramática é o esqueleto da língua. [...] É o esqueleto que nos traz de pé, certo, mas ele não informa nada”. É fundamental, mas é uma parte de um todo.
Não passamos, todos, de manipuladores de palavras. Nascemos para aprender a arte de falar, de manipular, não de “gramaticar”. Somos filhos da língua falada, falamos, “cê", “pra mim fazer”, mas temos que escrever, “você”, “para eu fazer”. Contrastamos. Mas qual a diferença entre falar e escrever? Falamos e escrevemos, teoricamente, na mesma língua, mas teoricamente. O que nos ensinam na escola não serve de fato para encararmos a vida, aprendemos gírias, palavrões, dentre outras coisas além da gramática. Opa! Tudo (não) é gramática.
Regras são feitas para serem cumpridas, mas, e quando essas regras são plausíveis de discussão ou de mudança? E quando elas são cheias de exceções? Seria possível gravar, muito bem, gravar, todas essas regras? Não, muito embora ainda tentem introduzir essa mania absurda nas escolas. Temos que aprender a conciliar o português e o brasileiro, o falado e o escrito, mas, muitas vezes, não abrem brechas para tanto.
Veríssimo, em seu texto, se auto intitula gigolô das palavras, admite que não tem muita intimidade com a gramática e ainda persiste em mostrar que ele ganha dinheiro escrevendo. Meus caríssimos, seria ele um ET? Aberração? VAMOS ESTUDAR VERÍSSIMO! Penso que não seja assim. Para se escrever corretamente, precisa-se ler corretamente. Para ler corretamente, tem que praticar, muito bem, praticar, e não decorar.
Um bom escritor é aquele que cria intimidade com a escrita, que vai “visitá-la” diversas vezes por dia, por semana, por mês! Ter fundamento com a Gramática é importante, mas o saber chamado de “Língua Portuguesa” vai muito além disso. A língua é construída, dia após dia, por nós e não pela gramática. Ela “precisa apanhar todos os dias pra saber quem é que manda”.
Em todos os cantos, encontramos maneiras diferentes de se falar a mesma coisa, d-i-v-e-r-s-i-d-a-d-e ! Somos ricos de diferenças, de costumes, de maneiras, de jeitos de falar, mas nos deixamos mandar pela norma, pela lei gramatical. Não nos ensinam a entender o pra que disso, ou daquilo, apenas nos limitam a explicar que sem gramática não vivemos, que é a parte fundamental do Português. Mentira! De que serve uma língua, se não é falada? Se gramática fosse tudo, o latim ainda estaria vivo, mas sabemos muito bem que ele é uma língua morta. E sabe por quê? Porque o latim não é falado.


Luisa Alem Ribeiro

sexta-feira, 1 de maio de 2009


Atividade do Primeiro ano, parte 2.2: Selecione uma obra de arte que se relacione com o Barroco e apresente em que aspectos elas se aproximam e se distanciam.


Foto da escultura Nossa Senhora Das Dores, de Aleijadinho.
Como podemos perceber, a escultura de Aleijadinho expressa a religiosidade de uma forma dramática, intensa, procurando envolver emocionalmente as pessoas. Tendo como figura uma Santa, característica muito comum da Arte Barroca.
Para mim, essa Obra de Arte tem total ligação com Barroco.
Atividade do Primeiro ano, parte 2.1: Selecione uma obra de arte que se relacione com o Classicismo e apresente em que aspectos elas se aproximam e se distanciam.

Mudam-se os tempos,Muda mudam-se as vontades

por Luís Vaz de Camões

'Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades,
Muda-se o ser, muda-se a confiança;
Todo o mundo é composto de mudança,
Tomando sempre novas qualidades.

Continuamente vemos novidades,
Diferentes em tudo da esperança;
Do mal ficam as mágoas na lembrança,
E do bem, se algum houve, as saudades.

O tempo cobre o chão de verde manto,
Que já coberto foi de neve fria,
E em mim converte em choro o doce canto.

E, afora este mudar-se cada dia,
Outra mudança faz de mor espanto:
Que não se muda já como soía.'

Podemos perceber a ligação, entre esse poema e o Classicismo, através da linguagem clara, simples e sem excessos. Colocando no centro do poema, o ser humano. Além de mostrar que o mundo já não é o mesmo da época Medieval, 'outra mudança faz maior espanto: não se muda já como de costume. '
Para mim, esse poema tem exatamente todos os aspectos ligados ao Classicismo.