domingo, 28 de junho de 2009

Gramática

A gramática prescritiva é quando se estabelece uma ordenam lógica em um idioma específico, definindo normas que vão determinar o que é apropriado no uso desse idioma. Surgindo a noção de certo e errado, aonde o que não estiver de acordo com as normas, com as regras gramaticais, é classificado como errado, e logo, o que estiver de acordo está correto. Em contra partida, surge a Gramática descritiva, que diferentemente da prescritiva procura contemplar as formas de expressão utilizadas pelos falantes de um certo idioma, tentando identificar quando e por quem foram criadas, banindo a definição de certo ou errado, o descrevendo a língua como é falada.

sábado, 20 de junho de 2009

o veríssimo.


Chapeuzinho Vermelho

Sentindo em seu sangue o tumultuar ardente dos ginetes impávidos de sua configuração cósmica, estrelas maduras de sua juventude, Chapeuzinho Vermelho tentava atravessar a Floresta agreste onde uma rosa é uma rosa é uma rosa é uma rosa, onde as árvores eram ao mesmo tempo como frutos de amor da terra pelo vento e pelo sol e uma obstinação da natureza contra o homem, quando viu surgir à sua frente a figura contrastante e terrificadora do Lobo Mau, que lhe perguntou aonde se dirigia.
-"Ah"- disse o Lobo - "que maravilha és e que maravilha que fosses minha namorada. Porque o maravilhoso, quando se encontra o Ser que se Ama, a Enamorada distante, é os dois ficarem calados, nada dizendo, ela sabendo que naquele silêncio está sendo mais amada que nunca, tornando-se mais linda em seu quieto silêncio."
E, assim, envolvida pelo som dessa voz, Chapeuzinho Vermelho prossegue seu caminho, chega à casa da sua avó e, na surpresa de encontrá-la acordada, pergunta por quê. Ah, o porquê da insônia. Neurastenia Noturna. Agonia do Cérebro. "Minha avó"- pergunta Chapeuzinho - "por que tens orelhas tão grandes?" "Ah, filha, isso é para ouvir o ouvido e o som do teu som. Quando tiveres ido há muito, inda te sentirei junto a mim." "Vó, e por que esses olhos tão grandes?" "Ah, filha, é para a contemplação da Beleza, a Beleza de todos os dias, a luz das estrelas que vivemos perdendo."
-"Vó, e para que esses dentes tão grandes?"- "Ah, filha, acredito no Amor, pássaros, ondas, céus, palavras claras e também confusas. Acredito que o amor é um manjar do céu, que a criatura amada é o único alimento do coração, e por isso tenho esses dentes tão grandes: porque és o meu amor."
Quando ele e ela se tornaram uma só pessoa, então a vida começou e não haverá mais Fim, pois não pode haver Fim quando duas pessoas estão juntas, uma dentro da outra.
Millôr Fernandes.

sexta-feira, 19 de junho de 2009

Projeto NURC

O Projeto NURC nasce como uma adaptação do projeto feito por Juan Lope Blanch, que buscaria descrever a norma culta do espanhol falado. Obviamente o projeto no Brasil colocaria em foco a língua portuguesa.
Em 1969, o NURC é implantado em 5 cidades do país, que foram selecionadas por: terem pelo menos um milhão de habitantes e terem estratificação social suficiente para atender às exigências do projeto.
O objetivo do projeto inicialmente era, como foi citado no começo deste texto, documentar e descrever a norma culta do português falado nas 5 cidades selecionadas. Mas em 1985, houve uma ampliação do objetivo incial, que procurava agora, também: análisar a conversação, análisar a narrativa, análisar o discurso sócio-pragmática, dentre outros.
Atualmente o projeto consta com um acervo de videos, tendo em vista que muitos precisam ter seu audio recuperado, mas também com um acervo de livros.

Procura da Poesia - Carlos Drummond

Não faças versos sobre acontecimentos.
Não há criação nem morte perante a poesia.
Diante dela, a vida é um sol estático,
não aquece nem ilumina.
As afinidades, os aniversários, os incidentes pessoais não contam.
Não faças poesia com o corpo,
esse excelente, completo e confortável corpo, tão infenso à efusão lírica.

Tua gota de bile, tua careta de gozo ou de dor no escurosão indiferentes.
Nem me reveles teus sentimentos,
que se prevalecem do equívoco e tentam a longa viagem.
O que pensas e sentes, isso ainda não é poesia.

Não cantes tua cidade, deixa-a em paz.
O canto não é o movimento das máquinas nem o segredo das casas.
Não é música ouvida de passagem, rumor do mar nas ruas junto à linha de espuma.

O canto não é a natureza
nem os homens em sociedade.
Para ele, chuva e noite, fadiga e esperança nada significam.
A poesia (não tires poesia das coisas)
elide sujeito e objeto.

Não dramatizes, não invoques,
não indagues. Não percas tempo em mentir.
Não te aborreças.
Teu iate de marfim, teu sapato de diamante,
vossas mazurcas e abusões, vossos esqueletos de família
desaparecem na curva do tempo, é algo imprestável.

Não recomponhas
tua sepultada e merencória infância.
Não osciles entre o espelho e amemória em dissipação.
Que se dissipou, não era poesia.
Que se partiu, cristal não era.

Penetra surdamente no reino das palavras.
Lá estão os poemas que esperam ser escritos.
Estão paralisados, mas não há desespero,
há calma e frescura na superfície intata.
Ei-los sós e mudos, em estado de dicionário.
Convive com teus poemas, antes de escrevê-los.
Tem paciência se obscuros. Calma, se te provocam.
Espera que cada um se realize e consume
com seu poder de palavrae seu poder de silêncio.
Não forces o poema a desprender-se do limbo.
Não colhas no chão o poema que se perdeu.
Não adules o poema.
Aceita-ocomo ele aceitará sua forma definitiva e concentrada
no espaço.

Chega mais perto e contempla as palavras.
Cada umatem mil faces secretas sob a face neutra
e te pergunta, sem interesse pela resposta
,pobre ou terrível, que lhe deres:
Trouxeste a chave?

Repara:
ermas de melodia e conceito
elas se refugiaram na noite, as palavras.
Ainda úmidas e impregnadas de sono,
rolam num rio difícil e se transformam em desprezo.

O grande Edgar - Luis F. Veríssimo.

Já deve ter acontecido com você.
- Não está se lembrando de mim?
Você não está se lembrando dele. Procura, freneticamente, em todas as fichas armazenadas na memória o rosto dele e o nome correspondente, e não encontra. E não há tempo para procurar no arquivo desativado. Ele está ali, na sua frente, sorrindo, os olhos iluminados, antecipando a sua resposta. Lembra ou não lembra?
Neste ponto, você tem uma escolha. Há três caminhos a seguir. Um, o curto, grosso e sincero.
- Não.
Você não está se lembrando dele e não tem por que esconder isso. O "Não" seco pode até insinuar uma reprimenda à pergunta. Não se faz uma pergunta assim, potencialmente embaraçosa, a ninguém, meu caro. Pelo menos não entre pessoas educadas. Você devia ter vergonha. Não me lembro de você e mesmo que lembrasse não diria. Passe bem.
Outro caminho, menos honesto mas igualmente razoável, é o da dissimulação.
- Não me diga. Você é o... o...
"Não me diga", no caso, quer dizer "Me diga, me diga". Você conta com a piedade dele e sabe que cedo ou tarde ele se identificará, para acabar com a sua agonia. Ou você pode dizer algo como:
- Desculpe deve ser a velhice, mas...
Este também é um apelo à piedade. Significa "Não torture um pobre desmemoriado, diga logo quem você é!" É uma maneira simpática de dizer que você não tem a menor idéia de quem ele é, mas que isso não se deve à insignificância dele e sim a uma deficiência de neurônios sua.
E há o terceiro caminho. O menos racional e recomendável. O que leva à tragédia e à ruína. E o que, naturalmente, você escolhe.
- Claro que estou me lembrando de você!
Você não quer magoá-lo, é isso. Há provas estatísticas que o desejo de não magoar os outros está na origem da maioria dos desastres sociais, mas você não quer que ele pense que passou pela sua vida sem deixar um vestígio sequer. E, mesmo, depois de dizer a frase não há como recuar. Você pulou no abismo. Seja o que Deus quiser. Você ainda arremata:
- Há quanto tempo!
Agora tudo dependerá da reação dele. Se for um calhorda, ele o desafiará.
- Então me diga quem eu sou.
Neste caso você não tem outra saída senão simular um ataque cardíaco e esperar, falsamente desacordado, que a ambulância venha salvá-lo. Mas ele pode ser misericordioso e dizer apenas:
- Pois é.Ou:- Bota tempo nisso.
Você ganhou tempo para pesquisar melhor a memória. Quem é esse cara, meu Deus? Enquanto resgata caixotes com fichas antigas do meio da poeira e das teias de aranha do fundo do cérebro, o mantém à distância com frases neutras como "jabs" verbais.
- Como cê tem passado?- Bem, bem.- Parece mentira.- Puxa.
(Um colega da escola. Do serviço militar. Será um parente? Quem é esse cara, meu Deus?)
Ele está falando:
- Pensei que você não fosse me reconhecer...- O que é isso?!- Não, porque a gente às vezes se decepciona com as pessoas.- E eu ia esquecer você? Logo você?- As pessoas mudam. Sei lá.- Que idéia!
(É o Ademar! Não, o Ademar já morreu. Você foi ao enterro dele. O... o... como era o nome dele? Tinha uma perna mecânica. Rezende! Mas como saber se ele tem uma perna mecânica? Você pode chutá-lo, amigavelmente. E se chutar a perna boa? Chuta as duas. "Que bom encontrar você!" e paf, chuta uma perna. "Que saudade!" e paf, chuta a outra. Quem é esse cara?)
- É incrível como a gente perde contato.- É mesmo.
Uma tentativa. É um lance arriscado, mas nesses momentos deve-se ser audacioso.
- Cê tem visto alguém da velha turma?- Só o Pontes.- Velho Pontes!
(Pontes. Você conhece algum Pontes? Pelo menos agora tem um nome com o qual trabalhar. Uma segunda ficha para localizar no sótão. Pontes, Pontes...)
- Lembra do Croarê?- Claro!- Esse eu também encontro, às vezes, no tiro ao alvo.- Velho Croarê!
(Croarê. Tiro ao alvo. Você não conhece nenhum Croarê e nunca fez tiro ao alvo. É inútil. As pistas não estão ajudando. Você decide esquecer toda a cautela e partir para um lance decisivo. Um lance de desespero. O último, antes de apelar para o enfarte.)
- Rezende...- Quem?
Não é ele. Pelo menos isso está esclarecido.
- Não tinha um Rezende na turma?- Não me lembro.- Devo estar confundindo.
Silêncio. Você sente que está prestes a ser desmascarado.
- Sabe que a Ritinha casou?- Não!- Casou.- Com quem?- Acho que você não conheceu. O Bituca.
Você abandonou todos os escrúpulos. Ao diabo com a cautela. Já que o vexame é inevitável, que ele seja total, arrasador. Você está tomado por uma espécie de euforia terminal. De delírio do abismo. Como que não conhece o Bituca?
- Claro que conheci! Velho Bituca...- Pois casaram...
É a sua chance. É a saída. Você passa ao ataque.
- E não me avisaram nada?!- Bem...- Não. Espera um pouquinho. Todas essas coisas acontecendo, a Ritinha casando com o Bituca, o Croarê dando tiro, e ninguém me avisa nada?!- É que a gente perdeu contato e...- Mas o meu nome está na lista, meu querido. Era só dar um telefonema. Mandar um convite.- É...- E você ainda achava que eu não ia reconhecer você. Vocês é que esqueceram de mim!- Desculpe, Edgar. É que...- Não desculpo não. Você tem razão. As pessoas mudam...
(Edgar. Ele chamou você de Edgar. Você não se chama Edgar. Ele confundiu você com outro. Ele também não tem a mínima idéia de quem você é. O melhor é acabar logo com isso. Aproveitar que ele está na defensiva. Olhar o relógio e fazer cara de "Já?!")
- Tenho que ir. Olha, foi bom ver você, viu?- Certo, Edgar. E desculpe, hein?- O que é isso? Precisamos nos ver mais seguido.- Isso.- Reunir a velha turma.- Certo.- E olha, quando falar com a Ritinha e o Mutuca...- Bituca.- E o Bituca, diz que eu mandei um beijo. Tchau, hein?- Tchau, Edgar!
Ao se afastar, você ainda ouve, satisfeito, ele dizer "Grande Edgar". Mas jura que é a última vez que fará isso. Na próxima vez que alguém lhe perguntar "Você está me reconhecendo?" não dirá nem não. Sairá correndo

quinta-feira, 18 de junho de 2009

O que você vê, quando você olha?

Não, eu não li o livro todo. Basicamente por vários motivos, que não vem ao caso agora. E sinceramente, não, eu não achei o livro mais brilhante que eu li. É interessante, me acrescenta em vários aspectos, mas não é muito o meu estilo. De maneira que ele não me prendeu até o final, mas me abriu os olhos.
Mas tem uma coisa nesse livro, por mais que eu não goste desse tipo de leitura que me chamou atenção: repare em um relato de uma pessoa olha para uma favela e que não mora dentro da favela, agora repare no relato de uma pessoa que olha a mesma favela e mora nela. Estranhamente, ou não, a favela em questão não será a mesma para as duas pessoas. E é justamente o ponto de vista de um morador de uma favela, que aparece no livro “Capão Pecado”.
O livro aparentemente fala da vida de um garoto normal que tenta ser direito e ter estudos, que acaba se apaixonando pela garota “errada” e acaba pagando o pato por isso. Aparentemente, só não é. O livro escrito por Ferrez vai muito além de relatar o amor proibido de dois jovens, ele abre um leque enorme de variedades culturais, ao mostrar o dia a dia de pessoas comuns, traficantes, dentre outras “figuras” que vivem ou freqüentam uma favela.
O livro tem uma linguagem realista, sem mentiras e sem piadas com a cultura do português falado no Brasil, onde o brasileiro não é descaracterizado. Além de apresentar esse aspecto do nosso cotidiano, o livro é bem direto nas suas descrições, contando de maneira rica tudo que se passa na vida dos personagens.Não se trata de um conto de fadas, onde no final fica tudo bem, e só no final os casais se beijam, trata se da realidade de todos, não só dos “favelados” como também dos playboys das cidades. Ninguém é puro o suficiente, todos já nascem tortos, afinal somos todos humanos, inclusive Rael.
Rael, personagem principal do livro, não aparece fantasiado ou idealizado, Rael aparece como um brasileiro, que pode ser eu, ou você, depende somente de onde nós estamos. Ele tem sonhos, tem paixões, tem fraquezas, faz sexo, fala alto, arrota, xinga! É mais um, dentre muitos que estão na favela do Capão Redondo, na cidade de São Paulo, no Brasil, em favelas ou não.
Tem gente que se assusta ao ler o livro, pelo vocabulário, pelos assuntos abordados, pelas situações vividas, mas vejamos, se você quer historinhas de fantasia, não devia ter passado de Cinderela. Hora vamos! Não existe fada madrinha, mas existe o crack, não existe o príncipe, mas existe o “bandido malvado”, não existe a abobora que vira charrete, mas existe o barraco em que muitos brasileiros vivem, não existe a cinderela, mas existe a puta que muitos pagam. Sendo realista, mesmo, quem quer fantasia, não sai nem de casa.
Agora vem a questão, quando você lê um livro desses, quando você passar por uma favela, ou até um bairro pobre “O que você vê, quando você olha?”

terça-feira, 16 de junho de 2009

quinta-feira, 11 de junho de 2009

cala a boca!

Não deixem que te calem
Não permitam que te diminuam
Não escute nunca calado
Não se amedronte.

Tenha medo é de ser apenas mais um
Que faz tudo certo
Tudo concreto
Tudo igual

Seja diferente
E não espere que te aplaudam no final

A Cartilha.

Imaginem se todos os sonhos de cada pessoa no mundo fossem resumidos e escritos em uma folha de papel, mesma folha que seria colocada em uma garrafa e lançada ao mar. Se seu sonho voltar o mar o abençoou, e ele vai se realizar, mas se não voltar? Mude de sonho, bobinho... O mar já cancelou todas as possibilidades dele se realizar! Agora deixem de imaginar! Pensem... O grandioso mar, na nossa realidade seria a sociedade, que nos faz formatar nossos sonhos em papeis, pra vê se ele pode ser aprovado, e se não for? Que pena. Quando vemos filmes, como “Billy Eliot” ou “Menina de Ouro”, observamos o sonho de pessoas diferentes que estão pondo a prova pela sociedade, aonde as pessoas discriminam umas as outras por serem diferentes, por terem sonhos diferentes e por não buscarem um padrão idealizado pela sociedade. E esses mesmos filmes mostram a luta das classes desfavorecidas pelos seus sonhos, lembrando que os filmes nem sempre mostram a realidade total dos fatos, como seria na vida real, sempre tem um toque “hollywoodiano” onde o final é feliz. A realidade nem sempre tem um final feliz, onde os sonhos se realizam. Focando-se mais ainda no filme “Billy Eliot”, podemos ver a cartilha da sociedade agindo sobre os indivíduos que nela estão, cartilha na qual consta que os homens não podem ser homossexuais ou dançarem balé, onde as pessoas tem que seguir o seu papel, mesmo que a quebra dessa regra signifique uma vida melhor e mais feliz, o que importa é a cartilha. A cartilha da sociedade não se vende, não foi publicada por nenhuma editora, ela simplesmente é implantada na gente, assim que nascemos ela vem com a gente. Se for menina, é donzela não pode tomar atitude em um romance, não pode dar o primeiro passo, senta e espera o homem chegar nela. Se for homem, é garanhão não pode ser froxo, tem que ser grosso, ter atitude, chegar junto. Quem disse isso? A cartilha, meu rei. Quer ver a ira dos Deuses? Rasgue, cuspa e jogue fora a cartilha! Manda todo mundo pra puta que pariu, vira homem e pensa, reformula, faz e escreve sua própria cartilha, nela você pode! E os Deuses? Vão torcer o nariz pra você, vão te diminuir, vão fazer o caos na sua vida, para você poder voltar à cartilha padrão. Mas e você? Você é maior que os deuses você não segue o padrão, você não quer ser mais um, você simplesmente se diferencia. Não importa o que digam, se dê certo ou dê errado, se seu sonho mesmo com a sua nova cartilha não se torne realidade, até se rirem você, realmente não importa você fez diferente em vez de continuar a gravar a velha cartilha. Virou lenda.

domingo, 7 de junho de 2009

de Arnaldo Jabor

Na hora de cantar todo mundo enche o peito nas boates, nos bares, levanta os braços, sorri e dispara: ´eu sou de ninguém, eu sou de todo mundo e todo mundo é meu também´. No entanto, passado o efeito do uísque com energético e dos beijos descompromissados, os adeptos da geração ´tribalista´ se dirigem aos consultórios terapêuticos, ou alugam os ouvidos do amigo mais próximo e reclamam de solidão, ausência de interesse das pessoas, descaso e rejeição. A maioria não quer ser de ninguém, mas quer que alguém seja seu. Não dá, infelizmente, para ficar somente com a cereja do bolo - beijar de língua, namorar e não ser de ninguém. Para comer a cereja é preciso comer o bolo todo e nele, os ingredientes vão além do descompromisso, como:não receber o famoso telefonema no dia seguinte, não saber se está namorando mesmo depois de sair um mês com a mesma pessoa, não se importar se o outro estiver beijando outra, etc, etc, etc. Desconhece a delícia de assistir a um filme debaixo das cobertas num dia chuvoso comendo pipoca com chocolate quente, o prazer de dormir junto abraçado, roçando os pés sob as cobertas e a troca de cumplicidade, carinho e amor. Namorar é algo que vai muito além das cobranças. É cuidar do outro e ser cuidado por ele, é telefonar só para dizer bom dia, ter uma boa companhia para ir ao cinema de mãos dadas, transar por amor, ter alguém para fazer e receber cafuné, um colo para chorar, uma mão para enxugar lágrimas, enfim, é ter ´alguém para amar´.. Somos livres para optarmos! E ser livre não é beijar na boca e não ser de ninguém. É ter coragem, ser autêntico e se permitir viver um sentimento...

terça-feira, 2 de junho de 2009

A carne.

A carne mais barata do mercado é a carne negra

Que vai de graça pro presídio
E para debaixo do plástico
Que vai de graça pro subemprego
E pros hospitais psiquiátricos

A carne mais barata do mercado é a carne negra
Que fez e faz história pra caralho
Segurando esse país no braço, meu irmão.
O gado aqui não se sente revoltado
Porque o revólver já está engatilhado
E o vingador é lento, mas muito bem intencionado
Esse país vai deixando todo mundo preto
E o cabelo esticado

E mesmo assim, ainda guardo o direito
De algum antepassado da cor
Brigar por justiça e por respeito
De algum antepassado da cor
Brigar bravamente por respeito

Carne negra